Já se passaram 20 minutos desde o primeiro despertador, e minha soneca parece que durou apenas 2. Quase todos os dias tenho essas sensações de que o tempo passa de forma mais acelerada do que o normal.

Com o panettone é a mesma coisa, só que ele é um grande despertador para o fim do ano. Quando os panettones começam a brotar misteriosamente nos supermercados, é sinal de que o ano está acabando e é hora de rever e fracassar novamente nas minhas metas e planos não realizados.

Essa é só uma divagação de um apaixonado pelo panettone Bauducco, um panettone que, para mim, nunca foi superado por nenhum outro, não importa o quão gourmetizadas várias outras marcas tenham tentado fazer nos últimos anos – o que se tornou até enfadonho e exagerado.

A consistência da massa fofinha e úmida, as frutas perfeitas e equilibradas, o sabor e aquele cheirinho são um equilíbrio imbatível que me fazia comprar essa maravilha aos montes. Eu gostava tanto do panettone que já o dividia ao meio e devorava a primeira metade com um copo de leite logo quando chegava em casa, e a segunda metade, provavelmente, algumas horas depois. As únicas exceções eram os panettones gigantes que às vezes ganhávamos em cestas e presentes especiais (aqueles de 1 kg, eu acho).

O tempo de sobrevivência do panettone Bauducco era mínimo

Comprar panettone Bauducco não é só um sinal de gostar da marca, do sabor e de tudo que ele traz, mas também é um sinal de prosperidade, um sinal de que você está avançando na vida. Em muitos anos, tínhamos que comprar marcas genéricas e nos satisfazer com isso. Se havia o da Bauducco, ele era guardado com carinho até o Natal ou bem próximo dele.

Quando passei a conseguir comprar esses panettones à vontade, sempre os comia antes do Natal ou sempre depois do Natal. Nunca durante o Natal. Esse era meu lema, minha regra sagrada.

O gostinho do Natal antes e depois. Nunca durante. O panettone, para mim, não foi feito para comer no dia do Natal. Ele é uma antecipação do Natal e uma memória dele. No dia do Natal, comemos outras coisas preparadas em casa: receitas clássicas e modernas. Um dia em que todo mundo quer dar o seu melhor. Mas enfim, é só mais uma divagação de um aficionado que amava esses panettones.

Esse ano, comecei a reparar os panettones aparecendo nos supermercados; eu já estava ansioso para abrir minha “Temporada de panettones Bauducco” – já falei que não compro nenhuma outra marca, né?

Mas tinha alguma coisa errada. O panettone Bauducco não estava aparecendo. Teria meu super mercado brigado com o fornecedor Bauducco e optado por marcas genéricas? Fiquei com a pulga atrás da orelha.

Eu já estava revoltado com toda essa situação e não iria perdoar essa gafe por parte do supermercado.

Comecei a caçar meu panettone com mais afinco nas prateleiras e naquelas tradicionais montanhas de panettones, mas nada, nada de panettone Bauducco.

Onde ele estava? Depois de muita pesquisa achei o coitado. Mas ele não estava mais na sua radiância de sempre. Estava entregue, triste e desolado, sua embalagem tinha mudado, algum tipo de design minimalista arruinou a sua vida nessa temporada de 2023.

Uma embalagem com uma cor esquisita, meio amarelada, meio alaranjada, pobre e genérica, sem a magia do Natal, típica de um panettone de terceira categoria feito às pressas e sem design nenhum.

Provavelmente eu seja o idiota dessa história toda. Esse design deve ter custado milhões e enchido os bolsos de algum publicitário que deve ter estudado muito e realizado centenas e milhares de testes com consumidores em potencial e aumentou exponencialmente as vendas do panettone.

Eu realmente não entendo nada de marketing nem de design nem de branding nem de consumo e nem de porra nenhuma. Fazendo esse post eu fiquei olhando os panettones de 2022 e 2023 mas não consegui chegar a conclusão de como essa embalagem ficou tão ruim de um ano para o outro, pensei em algumas hipóteses, mas melhor não falar tanto sobre esse assunto aqui já que eu não sou o ESPECIALISTA e vou cair sempre na falácia da autoridade.

A única coisa que eu posso falar é eu sou uma AUTORIDADE INQUESTIONÁVEL em gostar e comer panettone!!!

E a minha conclusão, depois daquele encontro miserável no supermercado foi: A embalagem ficou tão pobre e sem graça que tirou toda a minha vontade de consumir o produto. TODA A VONTADE.

Hoje, quando eu esbarro com ele, eu sinto pena do pobre coitado. Como acabaram com a sua reputação.

Também não entendi essa pegada de “Fermentação Natural”. Quem se importa com isso? Não é o panettone do padeiro da esquina, que prepara seu levan e faz a coisa toda. O produto é gostoso, mas não deixa de ser um produto industrializado e feito, literalmente em toneladas.

A única coisa que importa é que tenha o mesmo sabor de sempre e de preferência a mesma embalagem que também, que ao que parece também foi diminuída de 500g para 400g.

Acabaram com a magia da embalagem, acabaram com o produto. Nunca vi uma coisa tão ruim, comparável, quem sabe aquela embalagem nova da Pringles de alguns anos atrás. Outro design sem graça e sem vida. Não comprei nenhuma unidade, nem do Bauducco e nem de nenhum outro. Um ano diferente e um pouco sem graça sem o meu querido Panettone Bauducco.